
Brasileiro, nascido no Rio de Janeiro e morando em Minas Gerais desde os 11 anos. Em 2007, durante um passeio pela cidade com um amigo, ele apontou para uma cena e disse: "olha aquela foto linda." Desde então, comecei a criar fotografias das cenas que encontrava ao longo do caminho. Comecei a tirar fotos sem sequer ter equipamentos, sem conseguir parar de ver tudo como fotografias, onde quer que fosse. Em 2008, comprei minha primeira câmera e comecei a experimentar, capturando cenas nas regiões de Ouro Preto e Mariana.
Nos anos seguintes, dediquei o máximo de tempo possível para fotografar os lugares que visitei — Ouro Preto, Recife, Salvador, Fortaleza, a Amazônia, Belo Horizonte, Índia, Itália, França, Alemanha, República Tcheca, Cuba, Argentina e Uruguai. Nesse ato constante de observar e registrar, me distrai cada vez menos com as paisagens ao meu redor e passei a me entender melhor, tornando mais compreensíveis os sentidos e sensações que cercam tudo o que faço e as incríveis diferenças nos outros.
Capturar uma imagem é um delicado anseio, uma busca pelo prazer de apreciar o momento imortalizado no que cativa o olhar, uma tentativa humilde de congelar o efêmero. Em várias empreitadas, busco entender o impulso de fotografar, desconfiando do texto que não convence, em um lugar sem nome ou razão aparente.
A fluidez das imagens ecoa a dança do imprevisível, que, no clique, redefine perspectivas. Como fotos esquecidas ao longo do tempo, tiradas da gaveta que se ajusta ao olhar do presente, é difícil de apontar, mas sinto que a fotografia se tornou necessária como um medo de esquecer aqueles momentos que compuseram uma estranheza agradável e contemplativa.
Evito preencher o espaço com explicações, abraçando o silêncio na observação, distanciando-me das justificativas. Portanto, deixo fragmentos de significados e vocabulário sincero surgirem impulsivamente. Talvez eu não devesse reler ao terminar de escrever, permitindo que o desconforto de não preencher o que não se expressa em palavras ocupe seu lugar, mas sinto a necessidade de fazer deste texto uma imagem caótica e em movimento.
Estou imerso na confusão do ser e do existir, entendendo que, para atender a uma demanda textual, posso dizer que não espere que eu defina com honestidade o que é esse ato complexo e multifacetado, tão cheio de máscaras e sinceridades, que compõe um momento que defino no meu próprio recorte, sem nem mesmo revisitar, na maioria das vezes, a pessoa que pode ser o que eu quiser e que não consigo descrever adequadamente. Gosto dessa indefinição, pois revela muito sobre as diferenças e os julgamentos que estabelecemos em relação aos outros, aceitando o que criamos sobre essas pessoas.
Um exemplo que tenho é uma foto à qual dei um nome e criei uma narrativa que conto até hoje com tanta convicção de sua existência nos menores detalhes, desde o fio do chinelo remendado até as incríveis facetas que destaco sobre aquele retrato do Sr. Joaquim Sorridente. Sempre começo afirmando que ele é um ser humano incrível e de espírito leve, e depois narro como ele se tornou um arquiteto autodidata, desenhando casas modernas sem sequer possuir um celular. Desenvolvo a história falando sobre o avô que projetou e construiu a maioria das casas da rua, tornando-se famoso e respeitado como Dr. José Casarista. Transmito conhecimentos e valores através de frases que agora não consigo lembrar gramaticalmente, mas posso dizer que são como provérbios criados por ele, com o entendimento e a rigidez de não se desviar do respeito e valor que esses ensinamentos impunham, memorizados por todos os seus filhos e netos. Além disso, acrescento que ele desafia uma menina a nomeá-lo com uma palavra de referência, e assim por diante.
Para concluir o que não posso concluir, mas sigo a ideia do Sr. Joaquim quando ele estava partindo e direcionou um pensamento a este momento: "Cuide dos seus com os olhos dos outros, pois eles farão de você memórias eternas."
O que quero expressar, mesmo sem uma conclusão, é que o acaso não deve ser definido com olhos desatentos; sinta o que é realmente possível sentir, sem rotular, e entenda o outro que foi construído pela imagem criada por aqueles que lhe são próximos. Mesmo que todos os filhos e netos do Sr. Joaquim saibam de memória as frases para cada situação da vida, o tempo dissolve e exige que eles se adaptem, entendendo essas transformações com o respeito que o tempo ensina.
A fotografia lança luz sobre memórias vividas ou inventadas, cheias de significado. Como isso acontece e o que dizer sobre isso, eu não sei e não devo tentar explicar. Simplesmente continuo sendo impulsionado por essas criações do acaso que a vida desenha e a fotografia pinta. Não é uma ideia original, talvez um pouco clichê, mas é boa para hoje; amanhã pode ser outra e será.